Cannabis medicinal no Brasil: mesmo com a falta de informação, o mercado avança e já apresenta muitas conquistas no país
Uma pesquisa encomendada pelo Senado, em 2019, aponta que 90% dos brasileiros não têm conhecimento de alguém que utilize medicamentos à base de cannabis para a saúde e quase 60% não sabem dizer quais são as doenças mais comuns a serem tratadas com os produtos.
Apesar dessa lacuna no quesito informação, 2023 tem tudo para ser um marco para o canabidiol de uso medicinal no Brasil, com diversos estados do país aprovando leis para permitir acesso gratuito à população de baixa renda e pesquisas para o desenvolvimento e uso do CDB. Além disso, diversas indústrias farmacêuticas se movimentam para comercializar produtos à base de canabidiol e disputar espaço em um mercado com muito potencial de expansão.
Essa conquista é reflexo da luta pela liberação da cannabis medicinal, que vem sendo intensificada desde 2010 – ano em que o país conquistou autorização de importação do produto. A partir daí houve um aumento de 15 vezes na quantidade de importações nos últimos 5 anos. Ou seja, atualmente este é um mercado em ampla expansão, que promete tratar mais de 20 diferentes condições médicas e patologias, com um suporte crescente de pesquisas clínicas e científicas, que têm um papel fundamental no avanço do uso medicinal da cannabis, para comprovar seus benefícios e, dessa maneira, quebrar alguns tabus ligados ao seu uso.
Como ocorre a ação do canabidiol no organismo?
O canabidiol é uma substância ativa canabinoide, possuindo ação em receptores canabinóides do cérebro. Apesar de baixa afinidade pelos receptores, a substância se mostra um potencial antagonista dos receptores CB1, possuindo efeitos antiespasmódicos em determinados locais do corpo. Essa molécula também possui efeito agonista de receptores CB2, onde sua relevância farmacológica não foi pré-estabelecida, apesar de manter potencial ação em efeitos anti-inflamatórios induzidos pela substância. O canabidiol também mostrou efeitos inibitórios na reabsorção da anandamida, aumentando assim sua concentração em fendas sinápticas. Essa molécula é um neurotransmissor considerado parte do sistema endocanabinóide e foi a primeira molécula desse sistema identificada como parte-chave para a sinalização deste.
Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já liberou 23 produtos terapêuticos à base de cannabis medicinal no Brasil. Os produtos são utilizados para diversos tratamentos como dores crônicas, epilepsia refratária, insônia,esclerose múltipla, TEA, Parkinson, Alzheimer e até condições relacionadas à saúde mental como depressão e ansiedade.
Com a aprovação de medicamentos e o desenvolvimento de pesquisas para dar o suporte necessário para o uso da cannabis medicinal, temos ainda um amplo e próspero caminho a explorar no país, em relação à aplicabilidade de todas as propriedades do canabidiol em nossas políticas públicas de saúde. Estamos no caminho certo!
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